APRESENTAÇÃO
Há tempo li num jornal este
depoimento: “Vivo num mundo onde me sinto atropelado...
Tudo muda tão depressa. Tenho pavor desta nossa civilização
que não pára de se inventar a si mesma, e onde bastam
dez anos para cavar um fosso. Já nem sei o que me justifica
de estar no mundo, onde não me deixam ocupar o “meu
lugar!”
Em matéria de fé, muitos se sentem hoje um tanto
estranhos ao seu próprio passado. Uns percebem nisso uma
libertação, outros são invadidos pela saudade,
muitos têm a sensação de terem sido enganados,
e não poucos experimentam a atual crise como uma ameaça:
estão sem apoio, carecem de orientação.
Sem dúvida, a vivência da fé é uma
realidade muito vulnerável. Arraiga-se profundamente na
pessoa e a afeta na totalidade de seu ser. Paga um tributo ao
ambiente sócio-cultural em que se vive. Anda inevitavelmente
entrelaçada com elementos irracionais e afetivos, possibilitando
que suas experiências imediatas se tornem parciais e impuras
ou que suas expressões se apresentem uni-laterais e até
deformadas. Muito natural, portanto, que a evolução
religiosa acompanhe a evolução cultural. E isto
também explica que a vivência religiosa necessita
de um corretivo a ser desempenha-do pelo ensinamento da fé
e pela reflexão.
É de suma importância que saibamos situar-nos dentro
da atual problemática, a fim de que saibamos não
só diagnosticar o fenômeno, como também descobrir
as suas causas e indicar alguma pista de solução.
Do contrário, poderíamos assumir uma atitude errada
diante do problema: dramatizar demais e cair no desespero ou na
indiferença.
Através destas páginas pretendemos prestar um serviço:
fornecer elementos para que o leitor tenha condições
de compreender e enfrentar a crise, encontrando nela uma nova
chance de viver sua fé com energia renovada, graças
à sua confiança filial em Deus e mediante os compromissos
cotidianos para com os outros.
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