APRESENTAÇÃO
A pessoa humana
não se possui integralmente. Ela também é
possuida, dominada por esse Mistério, que denominamos “Deus”,
e que se esconde e se revela atrás do imediatamente dado
e cientificamente verificável. Pela fé capta-se
a presença de Deus e se é estimulado a acolher a
Sua ação salvadora.
Ora, a oração
é a expressão mais conatural e mais adequada da
fé, enquanto expressa, assume e aprofunda diretamente a
relação da criatura com o seu Criador.
É na oração
que mostro crer que o Senhor atua criativamente em nossa história
e na nossa vida; reconheço que as coisas não são
automaticamente o que são, mas que elas têm uma origem
e um sentido. E isto porque estão envolvidas no amor criador
e salvador de Deus que tem um desígnio a respeito de tudo.
Pela oração entrego os fragmentos da minha existência
a Deus, a quem confio o meu futuro e em cujas mãos coloco
todas as situações da minha vida.
Na oração deixo o meu íntimo gritar num gesto
de interpelação ou invocação a Deus.
Mas chamar Deus pelo nome equivale a ser questionado por Ele.
Por isso, em vez de implicar numa alienação, a oração
me educa na verdade a respeito de mim mesmo, do mundo e de Deus;
abre o meu coração para as exigências do Bem,
dispõe-me a conviver melhor com os outros, coloca-me no
caminho da esperança e me orienta para o futuro.
A oração confere-me o olhar de Deus e ajuda-me a
relativizar as coisas deste mundo; radica-me na existência
como “missão” a cumprir, e impede que eu seja
absorvido pelas atividades, experiêcias e preocupações
do momento presente.
A oração afina a agulha do compasso do coração
humano, dando estabilidade interior; pois amplia a visão
sobre a vida e seus fatos, ajuda a não aceitar nenhuma
situação como definitiva e estimula a fazer das
situações concretas, pontos de encontro com Deus.
A oração dispõe-me a colaborar com Deus,
deixando a Ele a última palavra; não permite que
me aprisione, proclamando: há perdão, há
um caminho, há futuro!
A Comunidade do Carmo, de
Belo Horizonte, faz votos que este Nº3 de “Unidos na
Oração” o ajude a formular as orações
que o Espírito de Deus suscita em seu coração,
e que também o ajude a alimentar o seu gosto de rezar!
Frei Cláudio van Balen
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