O P R E S É P I O

A palavra “presépio” tem sua origem nas palavras latinas “prae” = na frente, diante de todos; e “saepes” = cerca, defesa. Um lugar seguro na frente de todos. Segundo a tradição, Maria e José, batendo em portas fechadas, encontraram, à sua frente, em campo aberto, nas redondezas de Belém, um sítio (estábulo, gruta) que abrigava animais (Lucas 2,6-7).

Nos primeiros séculos, os cristãos celebravam, como festa máxima, a Páscoa. Só a partir do séc. 4o, começou a ser celebrada a festa do Natal. A partir de São Francisco, séc. 13, surgiu a devoção do presépio, cujos componentes representam a conjugação entre Deus e humanidade, entre céu e terra, natureza e graça, sob o lema: “Paz na terra a todos a quem Deus quer bem”.

No fim da década de ’60, iniciamos o esforço de situar o presépio na realidade do tempo atual. Durante anos, a equipe responsável, sob o comando da amiga Mercês Paz, de saudosa memória, primou por sua criatividade. Em seguida, uma equipe de jovens nos alegrou com seu senso artístico. Nos últimos anos, retornou a prevalecer o presépio tradicional, com seu encanto alegre e comovente.

Neste Natal de 2004, vamos admirar um presépio bem diferente, em que os ingredientes, inclusive os personagens, foram elaborados a partir de material reciclável, sob a orientação da artista Marilene Veloso de Matos e sua equipe, incluindo voluntários de nossa comunidade. O sentido é sempre o mesmo. A realidade divina não é separada da realidade humana. O presépio de Deus.

Fé e vida, religião e cidadania tem de andar de mãos dadas. O presépio represente a história de Deis conosco, o coração humano, a rede de relações inter-pessoais. Neste espaço Deus se comunica, quer ser acolhido e servido. O presépio retrata uma dimensão profunda da realidade, fazendo-se estímulo para que, atentos, olhemos à nossa frente, percebendo o mistério que nos envolve. Luz para nos reciclar.

Em tudo e todos há uma estrela a brilhar. Deus em nós.
* * *
Frei Cláudio van Balen