TRAJETÓRIA
DE FREI CLÁUDIO
Segundo frei Cláudio mesmo nos tem relatado, sua opção
pelo sacerdócio foi marcada pela vontade de contribuir
para que o vigor da Boa Nova viesse a garantir vida de boa qualidade
com mais esperança e alegria para as pessoas, mais justiça
e paz à convivência. Na sua adolescência, sob
intenso testemunho de fé e solidariedade do ambiente familiar
e o contexto sofrido do tempo da guerra, sentiu-se estimulado
a contribuir para um mundo menos violento e mais solidário.
Fr. Cláudio, sexto de uma família de onze filhos,
aos 14 anos, ingressou no seminário, na Holanda, e, ao
término de seus 16 anos, embarcou no navio “Lavoisier”
para ir-se comprometendo com a nossa gente, desde o dia 03/10/50,
quando chegou ao Rio. Estudou em Itu, em Mogi das Cruzes e em
São Paulo, onde, além de cursar filosofia e teologia,
fez o curso de “Letras Clássicas”. Foi ordenado
padre no dia 19/12/59, na capital paulista.
Em setembro de ’60 foi enviado para Roma, onde se dedicou
durante três anos à especialização
em teologia dogmática, escrevendo a sua tese sobre um tema
tradicional e controvertido: “Por que Deus se fez homem?”.
Graças ao evento incomum do Concílio Vaticano II,
sua visão de fé sobre a realidade passou por uma
significativa transformação, o que veio depois a
influenciar sua ação pastoral na perspectiva da
chamada “Teologia da Libertação”.
Em janeiro de ’64 retornou para o Brasil, sendo nomeado
professor de lógica no seminário dos religiosos
carmelitas em Teresópólis. No segundo semestre do
mesmo ano foi transferido para S. Paulo a fim de lecionar teologia
no seminário de sua Ordem e em ’65, no seminário
intercongregacional. Em fev. de’67, ele foi transferido
para Belo Horizonte, onde passou a lecionar teologia, também
no seminário intercongregacional. Insiste em lembrar que
aqui aprendeu muito com os colegas que brilharam no esforço
de criar algo novo e num ambiente de sólida amizade. E
dos colegas que depois tomaram outro rumo na vida guarda lembranças
muito boas.
A partir de ’67, com a chegada de um grupo novo de carmelitas,
a paróquia do Carmo em BH iniciou um profundo processo
de renovação pastoral. Fr. Cláudio, a partir
de meados da década de setenta, passou a atuar mais no
âmbito da paróquia, sendo ainda convidado a proferir
palestras e dar cursos intensivos em outras comunidades, para
clero e leigos e religiosos. Seu primeiro livro, em colaboração
com catequistas da paróquia, foi um Catecismo, publicado
no Rio. Em ’74, a ed. Vega lançou seu livro “Ver
e Ouvir para Crer”. A partir de então, ele passou
a escrever sobre assuntos de fé, moral e espiritualidade,
publicando mais de 30 livros e colaborando também com revistas
especializadas. Em ’79, formou-se na FUMEC, em Psicologia
Clínica. Sua maior riqueza tem sido o apoio de tantos amigos,
companheiros na vida de fé.
A vida da comunidade foi enveredando pelo caminho de crescente
participação e com-união, abrindo cada vez
maior espaço para a atuação dos leigos e
na tentativa de inserir a fé como fermento renovador na
realidade. Na época da repressão política,
os freis do Carmo eram vistos como subversivos e sofreram hostilidades
do poder estabelecido. Fr. Cláudio teve de depor, várias
vezes, no Dops e na Polícia Federal e, com outros colegas,
foi envolvido em um processo contra a Segurança Nacional,
que durou 4 anos, sendo absolvido e declarado inocente em ’73.
Na década de 90, ele foi homenageado com o título
de “Cidadão Honorário de Belo Horizonte”
e, mais tarde, como um dos Dez Mais no setor da ação
social.
Frei Cláudio tem imprimido uma atitude de busca à
sua vida lutando contra a rotina e sempre exercitando a criatividade
na área da reflexão teológica, psicológica,
moral e litúrgica. Ele tem ajudado muitos a descobrirem
a gratuidade do amor incondicional de Deus, estimulando os paroquianos
a entender e assumir melhor a extensão e a profundidade
do compromisso de Jesus de Nazaré com a vida e com as pessoas.
Frei Cláudio prossegue no esforço de superar-se
a cada dia como amigo e líder comunitário ajudando
na construção da comunidade . Mãos à
obra!